Após sua participação no Fórum Esfera, em Roma, Silveira afirmou que a medida só será implementada este ano se for "imprescindível".
Diante da severa estiagem que afeta o país, o governo está considerando a reintrodução do horário de verão – abolido em 2019 – como uma medida para reduzir o consumo de energia elétrica nas residências.
Para fundamentar a decisão, o Executivo solicitou estudos técnicos aos setores competentes e tem promovido reuniões com representantes da área, além de ouvir a opinião pública.
Desde o início de setembro, o governo federal está debatendo a possibilidade de retomar a estratégia. O horário de verão foi encerrado durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que justificou a decisão afirmando que a medida não gerava mais a economia esperada.
Apesar da possibilidade em discussão, Silveira afirma que o retorno do horário de verão só ocorrerá se for imprescindível. “Caso contrário, vamos esperar o período hídrico, que começa em dezembro, e avaliar para o próximo ano”, declarou.
Atualmente, o Brasil enfrenta a "seca mais intensa da história recente", de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), sendo esta a pior estiagem em 74 anos.
O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), Nivalde de Castro, defende a adoção da medida ainda este ano. “O ideal seria implementá-la no primeiro sábado após o segundo turno da eleição. Adiar para o próximo ano não faz sentido e sugere falta de vontade política”, argumenta.
Nos bastidores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende que a decisão deve ser puramente técnica. Castro concorda, ressaltando que as condições da operação elétrica mudaram significativamente nos últimos anos. “Hoje temos mais energia solar do que antes. Tecnicamente, a adoção do horário de verão traria benefícios ao sistema elétrico, ajudando a minimizar a sobrecarga nas termelétricas”, explica.
Além disso, para lidar com a imprevisibilidade da geração de energia, o governo federal estuda alternativas, como o uso de baterias para armazenamento de energia a curto prazo. Silveira confirmou que, em 2025, haverá um leilão para contratar baterias e sistemas de armazenamento, com o objetivo de impulsionar essa tecnologia no Brasil e atrair grandes fabricantes.
Essas iniciativas permitirão que o sistema elétrico nacional tenha mais capacidade para atender os picos de demanda sem sobrecarregar as termelétricas. Outra alternativa em desenvolvimento para o médio prazo é a implementação de usinas reversíveis, que poderiam aproveitar as plantas de grandes hidrelétricas já existentes no Brasil, funcionando também como sistemas de armazenamento de energia. Países como Portugal utilizam essa estratégia há décadas.
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